Um dos pontos altos da Expo Digitalks 2018 foi a presença de Martha Gabriel e Walter Longo discutindo o impacto do Marketing Digital e o que podemos esperar num futuro próximo.
Levantamos alguns tópicos bem interessantes que surgiram desse bate-papo construtivo e provocante, que vale a reflexão:
A revolução acabou e você nem percebeu.
“Sempre que uma nova era chega, dois sentimentos simultâneos dominam o mundo: o medo e a excitação”.
Walter Longo foi implícito quando citou que a fase da revolução já passou. E faz muito sentido, afinal esse novo mundo já faz parte do nosso cotidiano.
Quer fazer um teste?
Fica um dia sem celular ou sem internet. Só de pensar já faltou ar, não é mesmo?
Sinal que a mudança já invadiu nosso dia a dia.
Quanto ao medo e a excitação, Walter usou o exemplo da eletricidade, onde Thomas Edison eletrocutava elefantes em praça pública, o que trazia ansiedade e receio por toda a sociedade. E, sem nem percebermos, a luz virou tão importante quanto o ar que respiramos.
Precisamos fazer as pazes com a tecnologia.
Um dos marcos do impacto do avanço tecnológico na humanidade é a Revolução Industrial. As máquinas chegaram para impulsionar a produtividade e isso mexeu completamente com a estrutura da sociedade. E, claro, a substituição dos homens por máquinas criou uma cicatriz incurável.
Se analisarmos os roteiros dos filmes de ficção científica que envolvem o assunto, veremos um mundo ameaçado pelas máquinas, sempre com um clima de tensão e catástrofe. O medo é real, mas será que estamos sendo justos?
Martha Gabriel levantou para Walter Longo a questão do impacto imediato e futuro da Inteligência Artificial em nossas vidas.
O publicitário foi categórico: o ser humano é moral ou imoral; a tecnologia é amoral. Ou seja, atrás de qualquer ação da Inteligência Artificial tem um ser humano dando ordem e apertando o botão.
Os apocalípticos salvaram o mundo.
Ainda nesse cenário da inteligência artificial ameaçando o futuro, Walter Longo foi além. Em uma análise sobre o comportamento humano e as grandes mudanças, o publicitário mergulhou no universo das quase-tragédias da história: o bug do milênio, o fim do combustível, o fim da água, entre tantos outros.
Em todos os cenários, a mídia veio com força noticiar um possível desastre, mas acreditem: nenhum aconteceu. Para ele, os apocalípticos tiveram e têm um papel essencial nesse cenário. Isso porque são eles que nos alertam, com certo pessimismo, fazendo com que a sociedade reaja e evite todos eles.
Essa tal “Era Digital” precisa de regras?
A internet trouxe para todos a sensação de liberdade total. Um universo sem fim de pesquisas, criação de conteúdo, compartilhamento de gostos, conexão com pessoas e muito mais.
Porém, temos que entender que essa anarquia está com os dias contados. Martha Gabriel lembrou de quando o automóvel passou de novidade para algo comum. Com o tempo, foi preciso inventar semáforos, carta de motorista, multas…
A relação com o momento atual é simples: a era digital já começou, mas estamos aprendendo a domá-la e direcioná-la para um caminho mais saudável e produtivo.
A rede social cria inimigos?
No meio desse debate, surgiu o polêmico algoritmo do Facebook. Segundo Walter Longo, o papel das redes sociais deve ser revisto nesse quesito. Para ele, as redes reforçam pensamentos e posicionamentos, e não fazem as pessoas refletirem.
Entrando no cenário político, por exemplo, se você gosta do candidato A, o Facebook tende a trazer notícias positivas dele. Se o seu amigo gosta do candidato B, a mesma lógica.
Mas qual é o problema disso? A principal forma de criarmos uma opinião própria e embasada é conhecendo todos os lados da mesma moeda. E, atualmente, as redes sociais pecam nisso. Elas reforçam o que acreditamos, evitando que a gente reflita e repense sobre os assuntos.
Pela discussão dos palestrantes, estamos apenas engatinhando nesse assunto.
O mundo mudou… Será que estamos prontos?
Nunca fomos tão livres para fazer o que bem entendermos: escolher com quem nos relacionamos, nossa profissão, nossos sonhos. Essa liberdade tão sonhada traz consigo frustrações, julgamentos… mas respira! Estamos aprendendo a lidar com ela, principalmente com a do vizinho.
No debate, Walter alertou para termos cuidado ao condenar pessoas extremamente conservadoras, principalmente as mais vividas: é dar murro em ponta de faca.
Através do conceito do círculo de latência, ele buscou trazer o fato que o nível de enraizamento de alguns conceitos é praticamente imutável para algumas pessoas. Em um exemplo utilizado, pediu para nos imaginar caminhando e tendo que passar por um cachorro deitado. Na hora, já pensamos:
– Ele pode latir;
– Ele pode continuar deitado;
– Ele pode avançar em mim.
Se ele voar, o nosso cérebro entra em colapso. Isso porque essa ação sai do nosso círculo de latência, ou seja, do que temos enraizados das possibilidades aceitáveis.
Um exemplo prático citado foi quando batemos a cabeça em uma porta de vidro: a gente entra em choque até o cérebro entender que não batemos no “nada”. Quando isso acontece, tudo volta ao normal.
Para Longo, temos que ter paciência com essa mistura de gerações. E o mais importante: a que está chegando vem com esse campo muito mais abrangente, abrindo muito mais espaço para novas crenças e possibilidades.
Qual é o perfil de um profissional que quer vencer nessa área?
Martha Gabriel questionou Walter Longo sobre a seleção de profissionais promissores na área do marketing e publicidade. E a resposta veio com uma siglas: CEO – curiosidade, entusiasmo e otimismo. E tudo isso muito acima de bons currículos.
Ou seja, nesse novo mundo, uma pessoa que não tem vontade de aprender, desbravar o universo de possibilidades, não terá vida longa e promissora em nenhuma empresa.
Para exemplificar, citou uma experiência pessoal, em que precisou do serviço de uma dentista. Ele logo reparou em seu avental: o brasão da odontologia, com um cajado e cobra.
Ávido por conhecimento, seja ele qual for, ele perguntou sobre a origem do símbolo. Ao ouvir um “não faço a mínima ideia”, não se conformou.
“Como pode, em cerca de 20 anos de profissão, uma dentista nunca pesquisar sobre algo que carrega no peito?”.
Para ele, esse tipo de pessoa será extinta do mercado de trabalho.
E aí, muita coisa para digerir e refletir?
Papo bom é o que gera burburinho na sala do café, na hora do almoço, no happy hour com amigos. E aqui na agência não foi diferente!
Com uma abordagem amistosa, inteligente e provocadora, os palestrantes conseguiram passar um cenário de otimismo de tudo que está por vir.