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Se você quer ser uma grande publicitária, é melhor escutá-las.

“Queria tanto ser publicitária…mas esse mundo não é muito machista?”

Após recebermos algumas mensagens como essa, resolvemos explorar a fundo os desafios da mulher no nosso meio.

Começamos mostrando a imagem distorcida das mulheres como objeto nas campanhas (leia aqui) e como é a luta diária das profissionais que trabalham nas agências (leia aqui).

Após esse debate, chegou a hora das mulheres daqui soltarem a voz. Afinal, ninguém melhor do que elas para passar um pouco de suas experiências, dicas e aprendizados em suas trajetórias.

Bom, não vamos nos prolongar, afinal, elas têm muitas coisas pra contar, falar, questionar, reivindicar e indicar.

Bora!

 

DANIELE (EXECUTIVA DE CONTAS)

 

1) Como tem sido sua trajetória no “Mundo da Publicidade”?

Conheci a área ainda durante o ensino médio quando fiz o técnico integrado de administração. Me apaixonei pelas matérias de marketing e planejamento e decidi fazer Publicidade na graduação.

Meu primeiro emprego, durante o 2º ano de curso, foi em uma agência de eventos  como executiva de contas. Ainda durante a faculdade, quis conhecer o “lado do cliente” e trabalhei também na Ecolab Inc. no departamento de Marketing da divisão Food & Beverage.

Fiz meu TCC sobre essa empresa, focado em planejamento para B2B. Depois disso, voltei para o mundo das agências, me aprofundando primeiro na vertente digital e depois complementando com o offline, ambos a frente de grandes contas dos mercados fitness, food e educacional.

2) Quais dificuldades você enfrenta, na profissão, por ser mulher?

Na função que exerço, muito pautada na gestão de projetos e jobs, o grande segredo é ter “jogo de cintura”.
Somos a ponte entre o cliente e a agência. Por isso, precisamos entender e conciliar as necessidades de cada um sendo sensíveis.

Como mulher, o primeiro desafio é ser ouvida, afinal, você já entra tendo que quebrar barreiras, principalmente quando as áreas de execução (criação, finalização, produção e desenvolvimento) são majoritariamente masculinas.

Sinto que existe um preconceito do mercado que define um estereótipo da profissional de atendimento como “A bonitinha” que encanta o cliente sem ter tanto conhecimento técnico, não direciona bem, não negocia prazos, nem acompanha os projetos do começo ao fim.

Na realidade, nada disso condiz com meu perfil nem da maioria das mulheres com quem trabalhei. Uma executiva de contas ou gerente de projetos precisa ser gentil, porém firme, e saber o que está falando do ponto de vista técnico, tanto em relação ao negócio do cliente quanto sobre os processos e capacidades da agência.

Diversas vezes conseguimos enxergar problemas e oportunidades, otimizando recursos e fazendo as melhores entregas porque estamos de fato envolvidas com os contextos interno e externo.

Dessa forma, depois de planejar e executar por vezes com maestria, conseguimos, finalmente, passar credibilidade e ter nossos briefings lidos e nossa opinião considerada. Acredito que seria muito mais produtivo, do ponto de vista financeiro mesmo, começar já com o voto de confiança do time.

3) Você sente que a imagem da mulher, nas peças publicitárias e agências, ainda é deturpada? O que pode ser feito?

Ainda existe publicitário que acredita na efetividade da imagem de mulher-objeto para vender produtos como cerveja e carro.
Acontece que a publicidade é uma área de inovação que precisa saber “com quem está falando”, ou seja, quem é de fato o consumidor, quais seus contextos, referências, identificações e, principalmente, por quais transformações a sociedade está passando.

Nesse momento, assuntos como “igualdade de gêneros” estão em alta por tendência social e porque é uma lógica evolutiva.
Dentro desse cenário, ficará para trás o publicitário que não conseguir entender que a mulher também consome e é quem mais movimenta a economia.

Portanto, a imagem de uma mulher independente, vai vender cada vez mais para ambos os gêneros. É essa percepção de algumas agências que vai deixar outras para trás.

Em suma, acredito que somente a competição no mercado fará com que a mudança concreta de conceitos se consolide.

4) O que você diria para mulheres que pretendem começar e fazer carreira na Publicidade?

Ouça primeiro, prestando atenção no contexto e diferentes cenários. Faça seu melhor com foco e prioridades. Seja firme na hora de se posicionar, não deixando de considerar opiniões diferentes da sua. Confiança e ego são coisas diferentes, o primeiro te fortalece, o segundo faz deixar seu profissionalismo de lado. Não desanime, afinal, “só erra quem trabalha”, tudo é aprendizado e te direciona para frente.

Uma dica importante de mudança de cultura é: Tenha empatia e seja solidária, especialmente com outras mulheres.

 

MARIANE (DIRETORA DE ARTE)

 

1) Como tem sido sua trajetória no “Mundo da Publicidade”?

Entrei nesse mundo há pouco tempo, ou melhor, esse é o meu primeiro emprego. Tô aqui há quase um ano, isto é, sou bebê kkkkkk.
Sou designer aqui e, por ter me formado no final de 2016, tudo é muito novo pra mim. Tenho aprendido bastante e sei que ainda há muitas outras coisas que estão por vir. Por isso, meu foco agora é absorver o máximo possível e conhecer melhor publicidade e tudo o que a envolve.

 

2) Quais dificuldades você enfrenta, na profissão, por ser mulher?

Falando da área de criação, muitas agências preferem contratar homens. Em contrapartida, as vagas de atendimento são focadas no público feminino. Ainda bem que nem todos os lugares são assim (Ó eu aqui haha).

Precisamos mostrar que temos competência, estudar, montar um bom portfólio e conquistar a tão desejada vaga. Afinal, temos competência para isso (:

3) Você sente que a imagem da mulher, nas peças publicitárias e agências, ainda é deturpada? O que pode ser feito?

Acredito que isso mudou de uns tempos pra cá, com esforço. Mas o preconceito é algo tão comum na sociedade que nós mesmas não percebemos muitas coisas sutis.
Um dia desses, estava procurando algumas fotos em um banco de imagens que usamos para um dos Jobs e percebi que nos próprios sites existe essa diferença entre homens e mulheres. A mulher ainda é vista com o estereótipo de cozinheira, faxineira, enfermeira, secretária, cabeleireira, nutricionista… Não que não possamos ser tudo isso, mas há inúmeras fotos de mulheres assim, enquanto de homens quase não há.

Como eu disse anteriormente, aqui tenho a possibilidade de desenvolver peças que serão vistas por muita gente. Então, porque não usar esse “poder” e ajudar as pessoas a perceberem que não há diferenças entre homem e mulher?

4) O que você diria para mulheres que pretendem começar e fazer carreira na Publicidade?

Conheça lugares, participe de redes sociais, converse com pessoas, assista filmes, séries, leia…
O importante é estar atualizada(o), saber sobre o que as pessoas estão falando, do que gostam ou não.
A melhor forma de acabar com esse preconceito é dando o melhor de si e provando que somos competentes para seguir a carreira que a gente quiser.

 

NATÁLIA (ATENDIMENTO)

 

1) Como tem sido sua trajetória no “Mundo da Publicidade”?

Sempre fui muito “220”. Por isso, escolhi, ou melhor, fui escolhida, pela Publicidade. Escolhi trabalhar em agencia por conta da dinâmica do dia a dia. E garanto: Cê vai correr!

Apesar de ainda estar iniciando a minha carreira, posso dizer que foi uma longa jornada até conseguir o meu primeiro emprego na área. Foram 2 anos na luta, procurando uma oportunidade para ingressar nesse “mundo”. E, infelizmente, o que senti nessa busca foi um mercado bem fechado e que funciona muito por indicação. Mas nada que um pouco de persistência e determinação não ajude.

Até que um dia, entreguei o meu CV na porta da Trammit para alcançar o meu objetivo – ALELUIA!- funcionou.

2) Quais dificuldades você enfrenta, na profissão, por ser mulher?

Confesso que, até hoje, não passei por uma situação profissional em que me senti “julgada” por ser mulher.
Por “ser” atendimento fiquei um pouco apreensiva, pois, devido ao contato direto com os clientes, tinha medo de assédios em quaisquer esferas.

Sempre acreditei, e quero continuar acreditando, que o importante é intelecto e a postura que você tem a oferecer para o cliente.

3) Você sente que a imagem da mulher, nas peças publicitárias e agências, ainda é deturpada? O que pode ser feito?

Eu não diria deturpada, pois muitas marcas e agências já notaram que quanto mais “real” as pessoas são retratadas em campanhas, mais o público se identifica. E acho que esse cenário está ganhando força.

Por outro lado, ainda é (infelizmente!) comum ver o uso dos velhos estereótipos, já que sair do café com leite é um pouco difícil tanto para os profissionais por saber o que funciona em uma campanha quanto para o cliente que sabe quem é o seu público e tem medo de “arriscar”.

Cabe a nós, profissionais da área, a sensibilidade e a percepção para quebrar essa barreira e expor novos olhares, afinal, nosso objetivo é fazer com que as pessoas se identifiquem com aquilo que é comunicado.

4) O que você diria para mulheres que pretendem começar e fazer carreira na Publicidade?

Tenho sim: Só vai!
Para se tornar uma boa profissional nessa área é importante não ter “preconceitos”, pois você conversar com vários públicos diferentes e, além disso, antes de comunicar, você tem que entender com quem está falando.

Por fim, minha dica vai além do mercado publicitário, independente da profissão que você tenha escolhido seguir: Seja dedicada!

Entenda o que seu trabalho contribui para a sociedade e para si mesma. Veja sentido no que você está desenvolvendo e faça as coisas com vontade, por mais que isso pareça um discurso clichê (e é!), penso que o trabalho não pode ser apenas uma “obrigação”, e sim algo que te inspire, afinal, você vai passar muitos e muitos anos da sua vida trabalhando, Aproveite o poder que publicidade tem em comunicar e faça diferença!

Uma dica caso você esteja procurando trampo e está com dificuldade em encontrar não fique parada, ocupe esse seu tempo livre com coisas que vão lhe ajudar a se preparar para o mercado, faça cursos, vá em palestra, fique atualizada no que está acontecendo no mercado (tem vários portais legais que você pode deixar como favoritos ai na seu navegador),bata na porta das agências e peça para conhecer como funciona o dia a dia, troque ideia com pessoas que já atuam na área, além de te ajudar a se inspirar você irá conseguir manter o seu foco, em suma se mantenha atualizada isso é indispensável para a área de comunicação.

 

RENATA (ANALISTA DE MARKETING DIGITAL)

1) Como tem sido sua trajetória no “Mundo da Publicidade”?

Iniciei minha carreira em uma das maiores empresas de pesquisa do país, na área de mídia, fazendo comparação de roteiros e versões de comerciais. Percebi que TV não tinha absolutamente nada a ver com meus objetivos pessoais.

Migrei para outras áreas em outras empresas até chegar ao Marketing Digital que me apareceu meio de gaiato. Me identifiquei na mesma hora.

Passei por outras agências, atuando sempre com Inbound. Trabalhei com grandes profissionais que são referências do mercado até chegar na Trammit, onde o clima e as pessoas me fazem ter certeza de que estou no lugar certo, fazendo a coisa certa.

2) Quais dificuldades você enfrenta, na profissão, por ser mulher?

Nesse momento da minha carreira, não sinto um impasse com relação a ser mulher. Mas isso já aconteceu e é bem relativo de empresa para empresa.
Já enfrentei esse tipo de problema: não conseguia ser promovida por ser mulher. E o pior: não era uma mulher que interessava o meu chefe.
Em uma grande corporação onde trabalhei, já tinha ouvido dizer que isso ocorre no Brasil, mas nunca achei que aconteceria na minha área: Havia um esquema de prostituição de mulheres no meu setor.

Funcionava da seguinte forma: As garotas mais velhas incluíam as mais novas da empresa, o chefe olhava a novata e pedia para as mais velhas aliciarem e só assim se obtinha promoção, no entanto, elas precisavam fazer vários programas, inclusive com outros chefes e gestores da empresa.

O esquema foi descoberto e atuava da forma mais suja possível, o teor das conversas dos envolvidos embrulhavam o estômago. Nem todos ali foram demitidos quando o esquema foi exposto, o que nos deixou “na mão” desse tipo de machismo.

A empresa nos fez muita pressão para não divulgar na mídia e não acabar com o prestígio deles. Assinamos documentos praticamente na marra. Por precisar muito do trabalho, tive que me calar, coisa que me arrependo até hoje.

3) Você sente que a imagem da mulher, nas peças publicitárias e agências, ainda é deturpada? O que pode ser feito?

Acredito que a mulher, ainda hoje, sofre pressão para ser magra e perfeita. Existem campanhas muito sexistas, mas nem sempre isso é algo debatido. Afinal, é mais fácil fazer piadas sobre os fatos.

4) O que você diria para mulheres que pretendem começar e fazer carreira na Publicidade?

Mulherada do meu Brasil… A publicidade exige muito pulso firme, posicionamento e estudos, principalmente para área digital. Todos os dias surgem softwares e ferramentas novas que precisam ser estudadas.

O assédio existe no mercado. Às vezes, disfarçado, às vezes escancarado. Por isso, fiquem preparadas. Nunca permaneçam onde vocês não se encaixam.

 

CURTIU?
Depois de tudo isso, só temos a agradecer a sua leitura e, principalmente, por termos essas profissionais fazendo a Trammit cada vez mais maior.

Até a próxima!

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